- Maio 31, 2024
O que é feito de si? CELSO LOPES
O que é feito de si? CELSO LOPES
As lesões no joelho e, sobretudo, a morte da mãe, em 1999, encurtaram-lhe a carreira no futebol, numa ‘viagem’ que se previa longa e inesquecível, mas acabou aos 24 anos, depois de ter sido Campeão Europeu de Sub-16.
Celso Lopes, de 44 anos, está hoje bem resolvido, sem deixar de reconhecer que “ficou algo por fazer”, por sentir que “tinha potencial para mais”. À memória do técnico de turismo, profissão que exerce há 20 anos, surge o Europeu de Sub-16, na Áustria, e da final ganha à França, por 1-0, com um autogolo seguinte a um remate seu à baliza defendida por Frey, que fez carreira em Itália, sobretudo.
Festejou ao lado de Simão Sabrosa, com quem mantém contacto regular, Hugo Leal, Sérgio Leite, Ricardo Esteves ou Ednilson, entre outros.
“Só aí, ao chegarmos ao aeroporto, percebi a dimensão do que tínhamos feito. A repercussão foi grande e aí, pela primeira vez, pensei no futuro. Ainda tive convites do Sporting e do Benfica, ainda sem centro de estágio, mas a minha mãe não me deixou ir”, contou O PAREDENSE Celso Lopes, então ao serviço do FC Porto.
O ala esquerdo, muitas vezes utilizado a médio interior (inclusive nas seleções, onde contabilizou 52 internacionalizações, dos sub-15 aos sub-20), sofreu um abalo irreversível em 1999, no primeiro ano de sénior, com a morte da progenitora. “Tinha sido emprestado ao Paços de Ferreira, no segundo escalão, e fiquei uns três meses ou mais sem treinar. Naquele tempo não havia psicólogos nos clubes; foi muito duro”, sublinhou.
Celso chega à Mata Real de um contexto de clube ‘grande’, no tempo das goleadas fartas e dificuldades limitadas a três ou quatro jogos, na fase final, sentindo muito a obrigação de defender e correr atrás dos adversários. Recorda, em risos, a estreia na Póvoa de Varzim e das indicações expressas do técnico, Eurico Gomes, para acompanhar o lateral. “Aos cinco minutos, ele (Feiteira) ganha-me a linha e cruza para o golo do Varzim. Fui substituído aos sete”, recuperou, acrescentando que voltou à titularidade no jogo seguinte.
Voltaria ao FC Porto, via equipa B, na altura mais vocacionada para dar minutos aos jogadores menos utilizados da equipa principal. Partilhou o balneário com Féher, Ricardo Sousa, Folha, Panduru ou Hilário, e era o melhor marcador até se lesionar num treino. Fez rotura dos ligamentos cruzados e nunca mais recuperou a 100 por cento. “Devo ter sido operado umas seis vezes ao joelho esquerdo”, referiu, admitindo que o processo de recuperação-lesão e os clubes que representou depois, sempre em linha descendente, ‘cavaram’ a desmotivação. Tinha 24 anos, e nas pernas contara Famalicão, Freamunde, Canelas e Ermesinde, quando realiza a última época no clube da terra, o União de Paredes, após começo no Sobrosa, aos sete anos. Era avançado Álvaro Pacheco, hoje treinador dos brasileiros do Vasco da Gama, mas já não dava mais e pendurou as chuteiras. “Não me sinto frustrado, certo de que não me afirmei mais muito pelas lesões e, sobretudo, pela morte da minha mãe, embora isso me tenha feito crescer como homem”, concluiu.