- Maio 7, 2024
O que é feito de si?
PEDRO SOUSA
Trabalha há mais de uma década na formação de hóquei em patins, modalidade que representou dos cinco anos até aos 40 e pela qual chegou a internacional, sem nunca ter deixado a profissão nos CTT.
Pedro Sousa, de 51 anos, foi o primeiro carteiro a representar Portugal numa modalidade desportiva de alta competição. “Tinha 26 anos e jogava no Barcelinhos quando fui ao Torneio de Montreux, na Suíça, e somei cinco internacionalizações”, recordou, ao jornal O PAREDENSE. Tinha casado nesse ano e sentiu que “a seleção foi um prémio devido, como já achava anos antes, ainda júnior em Valongo”. Esteve, depois, nos pré-convocados para o Mundial de San Juan, na Argentina, em 2001, conquistado pela Espanha, mas não seguiu viagem numa comitiva que incluía, entre outros, Tó Neves, Paulo Almeida, Vítor Fortunato, Filipe Gaidão ou Filipe Santos.
Recusou Benfica e continuou carteiro
Pedro Sousa jogou e chegou a internacional como carteiro, profissão a que nunca renunciou, nem mesmo quando, após a estreia por Portugal, foi tentado pelo Benfica e anos depois pelo Óquei de Barcelos. “O Carlos Dantas, que era o treinador na Luz, dizia que não fui para o Benfica porque queria ser carteiro. Dediquei-me sempre a 100 por cento, mas podia ter sido melhor a tempo inteiro”, admitiu, explicando que, depois de avaliar valores e logística, pesados os prós e contras, “compensava mais a Oliveirense”.
Prolongou a carreira até aos 40 anos, fazendo-se valer da “raça, entrega total, dureza nos limites, remate forte, e muita força de vontade”. “São estes valores que tento transmitir agora aos meus jogadores”, afirmou.
Persegue título nacional
Pedro Sousa começou a trabalhar mais a sério na formação em Galegos, Penafiel.
“Depois, no Hóquei Clube de Penafiel, em sete anos, colocámos uma equipa de sub-13 entre as oito melhores do país e fomos vice-campeões nacionais em sub-17. Já no Paredes, clube da minha terra, começámos um projeto de raiz com apenas 20 atletas, mas hoje são sensivelmente 100. A evolução tem sido tremenda, com várias presenças na seleção distrital e saída de atletas para clubes maiores”, recordou. Num projeto de equipa, Pedro Sousa orgulha-se de ter ajudado a colocar Paredes entre as equipas com melhor formação no país. “Vencemos o torneio de encerramento, levámos os sub-13 aos nacionais, logrando, depois, o segundo lugar no campeonato distrital. Com os sub-15, fomos vice-campeões distritais e sextos no nacional, e já este ano, pela primeira vez, conseguimos colocar duas equipas na segunda fase do campeonato distrital”, enumerou. São etapas de um sonho que quer concretizar com um título de campeão nacional. Para isso, diz ser necessário “lutar muito”, mas “a assiduidade, a pontualidade e o foco também são muito importantes”.
Pedro Sousa treina hoje os sub-15, equipa em que o filho é guarda-redes. “Sou suspeito, mas é um bom guarda-redes e pode ir longe, desde que trabalhe sempre muito”, concluiu.
Onde tudo começou: Morava no parque José Guilherme, de frente para o rinque onde brincava e se iniciou no hóquei, com cinco anos. “Começou aí a minha aventura, que continuou até aos iniciados, hoje sub-15, quando faltaram atletas e por pouco não fui para o futebol”, recordou Pedro Sousa, também conhecido por Pedro ‘Stop’, devendo o apelido ao café com o mesmo nome que era explorado pelos pais. José Adalmiro, antigo praticante e treinador, um homem do hóquei, resgatou-o para a modalidade e desviou-o para Valongo. “Fiz lá o resto da formação, disputando praticamente todas as fases finais dos nacionais, incluindo o título nos dois últimos anos juntamente com FC Porto, Benfica e Sporting. E lá subi a sénior”, sublinhou. Foi à seleção distrital e esteve pré-convocado para a seleção. Jogou até aos 40 anos ao mais alto nível, disputando provas europeias, mas nunca abdicou da profissão de carteiro.