- Julho 12, 2024
Joaquim Barbosa lidera o RAC há 27 anos
‘Eu é que sou o Presidente…’
A personagem criada por Herman José, marcada pelos óculos fundo de garrafa e voz entaramelada, repetia a expressão que encontra absoluta correspondência em Joaquim Barbosa, hoje sem rivais em longevidade na presidência de um clube.
Se for contabilizado o seu percurso como defesa direito no Rebordosa Atlético Clube (RAC), até aos 19 anos, ou apenas a entrada para os corpos sociais do clube, em 1978, os números disparam e apenas perdia para Pinto da Costa, entretanto retirado. “De facto, não conheço muitos. Além do Pinto da Costa, só o (Manuel) Ramos, no Infesta, que já morreu”, disse Joaquim Barbosa, ao jornal O PAREDENSE. Não conseguiu esconder o orgulho pelo reconhecimento feito pela Associação de Futebol do Porto (AFP), ao conceder-lhe o título de Sócio de Mérito.
Joaquim Barbosa ainda chefiou o departamento de futebol um ano antes de assumir a presidência, em 1997/98, “para resolver certas situações”, já com o Complexo Desportivo de Azevido em obras, e “procurar dar alguma durabilidade às direções”.
E por lá continuou, continua e vai continuar. Pelo menos até 2026.
Por Rebordosa, marchar, marchar
De nada lhe adianta dizer que quer sair, dar lugar a ‘sangue novo’ ou pedir uma pausa antes de regressar, porque, na hora das decisões, ninguém se chega à frente e acaba por recuar na decisão.
“Estou um bocadinho cansado, mas as pessoas elogiam o trabalho, o clube está estável, sem dívidas, temos estas instalações fantásticas e, não menos importante, os empresários de Rebordosa nunca viraram as costas ao clube”, revelou.
Joaquim Barbosa tinha um exemplo à mão e recordou a receção ao Sporting de Braga (derrota por 2-0), para a Taça de Portugal, na época passada, e os quase 80 mil euros gastos na iluminação para o jogo poder ser televisionado, num problema resolvido por Domingos Barros e a CELER.
Barbosa herdou 45 mil euros de dívida quando assumiu a presidência, mas preferiu honrar os rebordosenses nas pessoas da sua equipa de trabalho, maioritariamente composta ao longo destes anos pelos mesmos elementos. “Aqui, em Rebordosa, pelo menos, temos de trabalhar para ter um relógio ou um telemóvel e sabemos bem como custa a vida. E ainda temos de pagar a água, luz, gás, a manutenção do estádio. Nós temos de pagar tudo e, por isso, temos de ser mais criteriosos nas escolhas e cuidadosos nos gastos”, referiu. Se pareceu uma indireta, também não esclareceu, mas diretamente assumiu que pode ter faltado alguma ambição nos anos mais recentes. E não se deixou de fora.
Coragem e ambição
“Tem faltado, é verdade, qualquer coisa, se calhar até um bocadinho de coragem da minha parte para assumir, por exemplo, uma subida, sendo certo que, mais uma vez, com uma estrutura simples e sem nomes pomposos, iremos ter uma equipa competitiva”, precisou.
O presidente do RAC já festejou duas subidas e acabou por admitir o propósito de em 2024/25 “fazer mais do que tem sido feito”, apesar de o orçamento de 350 mil euros, aproximadamente, incluindo a formação e a totalidade das despesas, poder ser “um bocado curto para lutar por objetivos maiores”.
“Um dia, quem sabe, poderemos avançar para uma SAD, mas com capitais próprios do e de Rebordosa”, deixou cair na conversa, atrasada para fazer de guia a um reforço. Joaquim Barbosa mostrou os cantos à casa ao jovem atleta e, depois, ao maduro jornalista lá confessou “o sonho de ver o Rebordosa um dia disputar a II Liga”.