- Junho 27, 2024
Doce Tremoceiro chega às pastelarias
Ideia do município materializada por alunos
Doce Tremoceiro chega às pastelarias
O Doce Tremoceiro, de Paredes, começa a ser comercializado a partir de julho, inicialmente em três pastelarias, cumprindo o objetivo de preservar as tradições e recuperar a identidade local, através das memórias da população.
“O município achou que devíamos desenvolver um doce comum, cuja receita pudesse ser desenvolvida pela escola, a quem endereçámos o convite. Testámos o doce, comprovámos que era bem-sucedido e, entretanto, dirigimos convites às pastelarias, em que três delas aceitaram”, disse a vereadora Beatriz Meireles, ao jornal O PAREDENSE. A receita deste doce conventual vai ser propagada pelas pastelarias aderentes, em cujos espaços existirão dísticos para o promover.
“A marca já foi registada, também desenvolvemos o logotipo e a brochura”, acrescentou a autarca, tendo presente a aposta na “valorização de um património cultural imaterial”, associada ainda à “promoção turística”.
O protocolo com as primeiras pastelarias aderentes foi assinado na Casa da Cultura, numa cerimónia que contou, ainda, com a presença de Fernando Pereira. O formador de cozinha e pastelaria na Escola Básica e Secundária de Paredes lembrou o processo de transformação do tremoço num doce tradicional português.
“Não conheço mais nenhum produto açucarado que leve tremoço, é super saboroso e húmido. O receituário está feito para a gramagem, claro que, depois, cada forno é um forno, mas a temperatura que está decidida é muito baixa”, referiu. O docente e formador não tem dúvidas de que “a área é muito boa e a empregabilidade deste curso é 100 por cento, quando o aluno tem interesse”. Os alunos que fizeram este projeto terminam este ano e há um, desde o segundo ano, que tem um contrato com um hotel. Estuda e trabalha desde os 18 anos”, concluiu.
O Doce Tremoceiro é uma ideia e uma marca do município materializada em receita criada pelos alunos do Agrupamento de Escolas de Paredes.
A opinião de quem meteu a mão na massa
Tentativa e erro
Rui Ferreira, Lara Reis e Carlos Almeida integram o Curso Profissional de Cozinha e Pastelaria, do Agrupamento de Escolas de Paredes, responsável pela confeção do Tremoceiro, e asseguram que foram precisas muitas tentativas para acertar receita do doce.
O Doce Tremoceiro foi definido por “tentativa e erro”, e foram precisas muitas tentativas para corrigir os erros detetados na confeção e após inúmeras provas.
Carlos Almeida, de 19 anos, recordou o desafio da autarquia, “há coisa de um ano”, para a criação de um doce tradicional de Paredes, admitindo que a ideia de o levar e apresentar na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) reforçou os cuidados que ele e os colegas, sob supervisão do professor e ‘chef’ Fernando Pereira, teriam de ter, para não falhar na missão.
“Experimentámos fazer torrões, pão, ‘cookies’, vimos muitas receitas e foram muitos testes com o tremoço, característico de Paredes”, recordou, secundado pela colega Lara Reis, de 18 anos, para quem “o problema estava em achar o ponto certo”. “Descascamos o tremoço e desidratamos a casca no forno, aquecido a 90 graus, por 90 minutos”, revelou a jovem ‘cozinheira’.
Carlos interveio para lembrar “que o tremoço no doce está picado”, enquanto Rui Ferreira, também de 19 anos, concorda com tudo, percebendo-se o seu maior à vontade na cozinha, entre panelas e tachos, do que com as palavras.
“O que podemos dizer é que o doce não tem grande segredo; foi tentativa e erro, o que também é bom para aprendermos”, insistiu Carlos.
Tentar e não desistir
Lara não consegue disfarçar os sorrisos por todas as vezes que pensaram ter encontrado a versão final, nas mais diferentes formas do doce, mas, depois, lá vinham as opiniões dos membros do executivo, na qualidade de provadores.
“Após imensas tentativas, acabámos por chegar ao doce como hoje o conhecemos”, reforçou Carlos Almeida. “E as reações foram boas, apesar de algumas reservas iniciais por parte de algumas pessoas, em Lisboa, por, aparentemente, não conseguirem dissociar o tremoço da cerveja como acompanhamento”, retorquiu, por sua vez, Lara Reis. Rui Ferreira manteve o silêncio, sem deixar nunca de concordar com os colegas, mesmo quando confessaram o “desejo de, no futuro, trabalhar na área da cozinha e pastelaria”.