• Janeiro 10, 2025

“Digo com toda a humildade que o melhor ainda está para vir”- Alexandre Almeida, entrevista

“Digo com toda a humildade que o melhor ainda está para vir”- Alexandre Almeida, entrevista

Entrevista Presidente da Câmara Municipal de Paredes

A chegada de 2025 trouxe consigo os últimos meses de governança das autarquias locais. Dentro de 10 meses, mais dia menos dia, os paredenses serão novamente chamados a eleger os seus autarcas das Juntas de Freguesia, da Assembleia Municipal e da Câmara Municipal de Paredes. Alexandre Almeida, presidente há cerca de sete anos, assume a recandidatura como natural e espera obter, de novo, a confiança dos paredenses para o terceiro e último mandato à frente dos destinos do Município paredense. Em entrevista ao jornal O Paredense, o autarca socialista diz ter “ideias bem claras” para mais quatro anos na presidência da Câmara.  Alexandre Almeida garante que mantém “a mesma motivação” de quando se candidatou em 2013. Ao passar em revista o trabalho que desenvolveu até agora, Alexandre Almeida reconhece que “ainda há muito para fazer”, mas que agora tem “mais experiência e mais condições para o fazer”.  Sobre os adversários políticos, o socialista considera-os “passado. Um passado que não deixa saudades”.

Requalificação do Mosteiro de Vilela para Museu do Mobiliário de Paredes

 

O Alexandre Almeida chegou à Presidência da Câmara de Paredes com o objetivo de implementar um novo modelo de gestão municipal. Pode dar-nos exemplos práticos dessa mudança face ao passado?

É verdade. Havia muita coisa a mudar na forma como a Câmara era gerida. Em primeiro lugar, passamos a dar valor às nossas Juntas de Freguesia. No passado as nossas Juntas de Freguesia não tinham meios financeiros nenhuns para fazer obras. Nós iniciamos um ciclo de Delegação de Competências nas Juntas para fazerem certas obras acompanhadas pela correspondente transferência financeira. Ao longo destes 7 anos, transferimos milhões de euros a todas as nossas freguesias.

Passamos a fazer obras por administração direta. Quando cheguei à Câmara quase não tínhamos funcionários para fazer obras por administração direta. Hoje temos equipas de trabalho montadas que fazem obras de construção civil, pavimentações ou a manutenção dos nossos vários equipamentos. Fazemos mais por menos.

Somos muito mais ativos na captação de fundos comunitários. Estamos atentos a todas as candidaturas e não desperdiçamos uma oportunidade. Mesmo agora, colocamo-nos ao lado das nossas IPSS para conseguir apoios para a construção de novos lares de idosos, Centros de Dia e de Apoio ao Domicílio.

E somos muito mais determinados e corajosos na defesa dos interesses do nosso concelho. Fomos capazes de resolver em 7 anos problemas que se arrastavam há anos. Veja-se por exemplo a problemática do realojamento da comunidade cigana ou o resgate da concessão de água e saneamento.

Requalificação da Praça Central de Lordelo

…por falar em Resgate da Concessão de água e saneamento, como tem sido essa experiência. Têm feito os investimentos que queriam fazer?

Como sabe, Paredes tem um atraso de anos na rede de água e saneamento. Desde que fizemos o Resgate em 2023 já tivemos oportunidade de fazer rede de saneamento em freguesias onde não havia um metro de rede de saneamento. Foi o caso de Recarei, Sobreira ou Beire. Estamos neste momento a fazer também em Bitarães e na Zona Industrial de Lordelo, onde não há água nem saneamento. Em 2025 vamos avançar com as primeiras obras de saneamento com apoio do Portugal 2030 e dotar a Zona Industrial de Baltar também de água e saneamento e fazer saneamento noutras freguesias como Baltar, Cete, Gandra e muitas outras. O resgate foi uma grande aposta e foi feito no momento certo.

Alexandre Almeida apresentou-se também com o objetivo de “Dar vida a Paredes” e afirmar a marca “Paredes”. Considera que foi bem-sucedido? As outras freguesias do concelho viram bem essa aposta?

Na minha opinião sim. Fizemos importantes investimentos na cidade sede do concelho- Paredes, que a tornou um importante polo de atração ao nosso concelho, e lhe deu um estatuto muito bom, em relação às cidades sede de concelho à nossa volta. Toda a gente reconhece isso. Dizem que há uma cidade de Paredes antes de 2017 e uma depois. Temos um fantástico Multiusos no centro de Paredes, renascemos o Estádio das Laranjeiras, temos uma Piscina Verde magnifica e agora um imponente CCP- Centro Cultural de Paredes. Estes equipamentos deram muita vida e reconhecimento a Paredes.

Mas isto foi feito num contexto em que temos obras por todo o concelho. Estamos a fazer uma Casa Mortuária à dimensão da Cidade de Rebordosa e vamos lá edificar um Multiusos em 2025. Estamos a fazer uma Praça Central em Lordelo e vamos reabilitar já de seguida o Mercado Local. Vai começar a ser construído o Parque Urbano de Gandra. Estamos a fazer o Museu do Mobiliário no Mosteiro de Vilela, a Construir a Casa Daniel Faria e um Parque Urbano em Baltar. Estamos a Requalificar a Praça Central de Sobrosa e a Praça Divino Espírito Santo em Duas Igrejas. A construir Creches e Lares de Idosos em tantas outras freguesias, etc, etc. Podíamos fazer a entrevista só a falar de obras pelas freguesias…

Construção da Casa Mortuária de Rebordosa

 

 

O Realojamento da Comunidade Cigana foi um dos grandes problemas deixados por resolver pelos Executivos anteriores, não há como dizê-lo de outra forma. Como está este processo?

Esse foi outro grande problema do passado, com vários anos, que todos empurravam para a frente e faziam de conta que não existia e nós tivemos uma vez mais a capacidade de resolver. Compramos o terreno aos proprietários, fizemos um edifício de habitação social e agora no início do ano vamos alojar as 22 famílias lá e demolir as barracas que estão no terreno ao lado, onde depois irá nascer mais um edifício de habitações a rendas acessíveis. Resolve-se assim um problema de falta de condições de habitação e de risco para a saúde pública e vai dar-se dignidade a uma zona central da cidade de Paredes.

Como é que vai funcionar o arrendamento dessas habitações, no regime de habitação social?

Exatamente, o que foi construído foi um edifício de habitações sociais, que tem um regulamento que determina a renda social a pagar em função dos rendimentos.

A inclusão dessas famílias vai ter um acompanhamento ativo?

Em primeiro lugar devo dizer que se trata de famílias que já vivem há muitos anos em Paredes e estão perfeitamente integradas na sociedade paredense, com os filhos a frequentar as nossas escolas. Sempre houve um acompanhamento e agora este vai ser dedicado à adaptação a estas novas condições de habitabilidade.

Alexandre Almeida no interior do Monteiro de Vilela. Aqui está a nascer o Museu do Mobiliário, o primeiro museu do concelho

Continuando a falar de habitação, o PRR apoia a construção de habitações sociais e a rendas acessíveis e a nova legislação quer facilitar a construção de habitações coletivas em terrenos onde até agora não era possível construir. Como vê esta nova situação?

Em relação ao PRR ainda temos vários projetos em aprovação. Já nos aprovaram um edifício de habitação a rendas acessíveis em Baltar e um outro em Mouriz, cujos concursos públicos avançam em janeiro. Já estamos também a requalificar 2 edifícios de habitações sociais, um em Cristelo e outro no centro de Paredes. Vamos também adquirir 17 apartamentos que estavam por concluir em Gandra para colocar à disposição da população a rendas acessíveis.

Esta nova realidade da possibilidade de construção de habitações coletivas em terrenos que não eram classificados para construção está em estudo e vamos também explorá-la para alargar a oferta de habitação em Paredes a preços que sejam acessíveis à classe média.

Um dos grandes investimentos deste mandato, depois da construção da Piscina Verde, da reconstrução do Multiusos e do Estádio Municipal das Laranjeiras, foi a construção do CCP- o novo Centro Cultural de Paredes. Este novo equipamento tem tido uma ocupação muito boa nos primeiros meses de vida e apresenta uma programação muito ambiciosa para o ano de 2025.

A oposição fala em elefante branco. O que nos tem a dizer?

CCP- Centro Cultural de Paredes, antiga adega cooperativa de Paredes. A maior sala de espetáculos da região tem apresentado um cartaz de luxo

Tenho a dizer que somos um grande concelho com 90.000 habitantes. O 5º. Concelho mais jovem do país, e que Paredes e o Vale do Sousa, em geral, precisava de um espaço como este. Um espaço que já se afirmou como um polo de atração a Paredes. Um espaço onde semanalmente podemos assistir a eventos de qualidade superior em teatro, dança, música, etc. E uma arena com capacidade para cerca de 2500 pessoas, onde já tivemos os Xutos e Pontapés e vamos continuar a ter grandes concertos e outros acontecimentos. Para além disso, as nossas escolas, associações ou empresas têm agora um auditório de excelência para fazer seminários ou espetáculos. Devo dizer que a atratividade do CCP tem excedido as minhas melhores expectativas.

Entre as várias obras realizadas durante este seu segundo mandato, qual delas o marcou mais ou de que teve mais satisfação em ver concretizada?

Essa é uma pergunta complicada, porque há obras enormes que temos muito gosto em realizar, mas há obras menores que pela sua necessidade nos deixam realizados e com a sensação que já devíamos ter feito há mais tempo.

E foi isso que aconteceu ao longo deste mandato, temos obras terminadas e em curso que são marcantes, veja-se o Centro Cultural de Paredes, o Museu do Mobiliário em Vilela, o Museu Daniel Faria em Baltar, o Jardim Frontal de Lordelo, a Praça do Divino Espirito Santo em Duas Igrejas ou a Praça Central em Sobrosa, que são grandes obras e nos marcam pela grande beleza e imponência, mas depois temos obras que nos realizam pela grande necessidade das mesmas para a população, apesar de serem de menor dimensão. Veja-se o caso da Rotunda de Cristelo. Eliminamos um ponto negro do trânsito em Paredes, tivemos de deitar casas a baixo, mas é de tal forma funcional que parece que esteve sempre ali. Ou veja-se o exemplo da Casa Mortuária de Rebordosa. Uma grande cidade que não dispunha de uma Casa Mortuária. É uma obra que já devia ter sido feita há muito tempo.

O seu executivo reduziu a taxa de IMI para o mínimo em 2018 e assim vai manter para 2025. Sente que podia fazer mais obras no concelho com uma taxa de IMI superior a 0,3% como optam outros concelhos?

Essa é uma questão muito pertinente, porque por vezes queríamos fazer mais obras e não temos receitas próprias. De qualquer forma, devo dizer que sei que o IMI é um imposto que quando chega o momento de pagar tem sempre muito peso nas finanças das pessoas. Por isso, acho que foi correto aliviar a carga fiscal dos Paredenses para o mínimo e tentar fazer o mais possível com os meios financeiros que temos à nossa disposição.

Mais experiência e mais condições para fazer por Paredes

 

Praça Central de Lordelo está a ser requalificada

 

Chegados aqui, estamos a menos de um ano das próximas eleições autárquicas. O Alexandre Almeida é recandidato à presidência da Câmara de Paredes. O que é que ainda o move a tomar essa decisão?

Eu sempre encarei o cargo de Presidente da Câmara de Paredes como uma missão. Uma missão que no máximo podemos desempenhar durante 12 anos. Ora, encaro este período temporal como uma luta contra o tempo. Durante 12 anos pode-se fazer mais ou menos, pode contribuir-se mais ou menos para o desenvolvimento do concelho. Eu acho que nos 7 anos que estive à frente do município, com 2 de pandemia, eu e os meus vereadores desenvolvemos um trabalho positivo. Continuo com a mesma motivação para o fazer, de quando me candidatei em 2013. Reconheço que ainda há muito para fazer, e agora já tenho mais experiência e mais condições para o fazer, pois fui eu que negociei o novo Quadro Comunitário de Apoio Portugal 2030, por isso, posso garantir aos Paredenses que por muito que tenhamos feito, digo com toda a humildade que o melhor ainda está para vir.

Requalificação do Arraial do Divino Espírito Santo, Duas Igrejas

Caso seja reeleito nas próximas autárquicas, sê-lo-á pela última vez em função da lei da limitação de mandatos. O que é que pretende fazer nesses próximos quatro anos? Que novas obras pretende fazer?

enho muito presente o que pretendo para os próximos quatro anos, se os Paredenses me derem mais um mandato. Temos grandes obras ainda por fazer. Aumentar o Parque da cidade de Paredes e consolidar a expansão do ensino superior da Cespu em Paredes. Continuar a aumentar a rede de saneamento em todo o concelho. Afirmar o sul do concelho como destino turístico. Vamos em 2025 avançar com importantes investimentos em turismo, como o parque de lazer e de campismo em Aguiar que queremos consolidar nos anos seguintes. Continuar com a política de expansão dos parques urbanos em todas as freguesias. Além dos parques urbanos que vamos iniciar em 2025, queremos reforçar esta aposta no próximo mandato. Continuar a investir em infraestruturas desportivas. Temos de construir uma pista de atletismo e fazer uma nova piscina coberta em Paredes. A atual está desajustada às necessidades. Vamos fazer grandes investimentos na melhoria das nossa estradas, etc, etc. Temos muito para fazer.

 

 

“Sem alternativas à nossa governação, os mesmos querem regressar ao poder”

“Cidade Inteligente, a maior Cidade Desportiva do Norte do país (…) o resultado foi zero!”, recorda Alexandre Almeida

 A Oposição tem lançado fortes ataques, até de caracter pessoal e supostos favorecimentos com terrenos. O que tem a dizer em sua defesa?

De facto, há algumas pessoas que tinham desaparecido da cena política de Paredes, que tinham tido cargos políticos no passado e como não tem aparecido novas pessoas a criticar o nosso trabalho, porque reconhecem o bom trabalho que temos feito, estão a reaparecer.

Essas pessoas que representam o poder político do passado já esqueceram o mal que fizeram a Paredes e pensam que as pessoas já não se lembram disso. Acham que os Paredenses se esqueceram que foram eles que venderam o Estádio das Laranjeiras e o Gimnodesportivo de Paredes, que gastaram milhões de euros na construção de Centros Escolares cheios de problemas estruturais, e que pagamos obras nesses centros escolares que não foram feitas, e que desperdiçaram o tempo que estiveram à frente do município a criar ilusões aos Paredenses. Foram projetos como a Cidade Inteligente, a maior cidade desportiva do norte do país, que lhes ocuparam muito tempo e o resultado foi zero.

E neste momento, como não arranjam alternativas à nossa governação, querem esses mesmos regressar ao poder e para isso vale tudo, desde ataques pessoais a insinuações de falta de transparência nalgumas compras ou venda de terrenos.

Nós estamos de consciência tranquila, toda a nossa ação foi na defesa dos superiores interesses do município e vai continuar a ser e só lamentamos que alguns políticos não reconheçam que o seu tempo já passou, que deviam ter feito mais do que o que fizeram e que agora devem dar o lugar a outros, porque o Concelho de Paredes merece mais. Eles são passado, e um passado que não deixa saudades.

 

No Plano industrial, a Câmara durante o seu primeiro mandato passou a ser dona de 100% da Zona Industrial Baltar/Parada, com a aquisição dos 50% que pertenciam a AEPortugal. Houve ganhos com esta aquisição, nomeadamente para a captação de novos investidores/ empresas?

Essa foi outra das decisões acertadas que tivemos. Fizemos um esforço financeiro para adquirir a parte da Zona Industrial que pertencia à AEPortugal. Mas Isso permitiu que alargássemos a Zona Industrial e criássemos mais lotes para venda a empresas. E ainda agora estamos a criar mais lotes para captar mais empresas. A fixação de novas empresas na Zona Industrial de Baltar/Parada é notória. Há uma Zona Industrial antes de 2017 e uma Zona Industrial completamente mais preenchida de novas empresas depois de 2017.

Requalificação do Mosteiro de Vilela para Museu do Mobiliário de Paredes

A questão da propriedade de algumas parcelas de terrenos entre a Câmara e donos individuais está resolvida?

Esse foi um caso que a oposição quis criar. No meio das grandes parcelas de terreno que compramos à AEPortugal apareceram uns proprietários a alegar que têm lá uns terrenos. São duas pequenas parcelas de terreno que o anterior executivo e a AEPortugal tinham como já sendo pertença da Zona Industrial, e que nós já reunimos com os proprietários e iremos resolver o mais breve possível.

Na votação do Orçamento camarário, em Assembleia Municipal, a presidente do PSD, Mariana Machado Silva, simultaneamente presidente da Junta de Vilela, para não ficar com ónus de votar (favoravelmente ou chumbar o Orçamento que contempla investimentos avultados para a sua freguesia), agarrou-se à justificação do presidente da Assembleia Municipal de que os deputados só podiam votar os pontos da agenda se participassem em toda a discussão. Como viu esse episódio?

Acho que a Sra. Presidente de Junta esteve muito mal e que foi o facto de agora ser Presidente do PSD Paredes que a levou a ter aquela atitude errada.

Ela foi o único elemento da Assembleia Municipal que se recusou a votar num Orçamento que sabe que tem vários milhões de euros de investimento para a sua Freguesia. Destaco desde logo 3 investimentos em Vilela, O Museu do Mobiliário no Mosteiro de Vilela, a Requalificação da Escola do Noval para a Banda de Música de Vilela e o Centro de Dia em Vilela que estamos a apoiar.

Os presidentes de junta quando reconhecem que se está a trabalhar bem não devem opor-se só porque representam um partido político diferente. Só o devem fazer quando se faz um mau trabalho.