- Abril 3, 2020
Concelho de Paredes a meio gás por causa do novo coronavírus

Desde o primeiro dia em que vigorou o Estado de Emergência decretado pelo Presidente da República para dar resposta à pandemia provocada pela Covid-19 vários espaços e estabelecimentos comerciais foram obrigados a fechar portas. Porém, a medida não se aplica a quem “disponibiliza bens de primeira necessidade ou outros bens considerados essenciais”.
No concelho de Paredes há estabelecimentos que se mantém a funcionar, embora com um plano de contingência para enfrentar a Covid-19. É o caso do Imperial, um dos estabelecimentos mais antigos da cidade de Paredes que há 15 dias já tinha encerrado a parte do café e atendimento ao público.
“Estamos só a funcionar com a parte de venda de jornais e revistas e dos Jogos Santa Casa. Chegamos a acordo com os três funcionários, que aceitaram ficar em casa a gozar 15 dias de férias. Quando terminar esse período vamos ter de analisar,”, explica o proprietário Joaquim, admitindo que o café poderá ter de continuar fechado por mais 15 dias se o Estado de Emergência for prolongado.
Por enquanto, o Imperial mantém aberto apenas o espaço de venda de jornais e jogos Santa Casa e com algumas restrições. O horário de funcionamento foi reduzido e a entrada dos clientes limitada a uma pessoa de cada vez. Além disso, os balcões e vitrinas são desinfetadas várias vezes ao dia.
Joaquim admite que o negócio teve uma quebra superior a 50%, tanto na venda de jornais como nos jogos, sobretudo na lotaria que é muito procurada pelas pessoas mais velhas. “Neste momento, felizmente, não está em causa o pagamento de salários nem o pagamento a fornecedores. Mas vamos ver o tempo que esta situação se prolonga”.
Empresários pedem rapidez nos apoios do Estado
Além das papelarias e estabelecimentos com jogos sociais também os serviços das óticas foram considerados essenciais nesta conjuntura. Alexandra Bessa optou por manter a loja aberta, ainda que com restrições, a pensar sobretudo nos seus clientes.
“Há certos procedimentos dentro das óticas que não podemos ter, por causa da distância recomendada entre as pessoas, mas tentamos dar resposta aos casos mais urgentes”, explica a gerente da Ótica de Paredes, que adotou várias medidas de higiene e proteção no seu estabelecimento.
O espaço é desinfetado todos os dias, incluindo os óculos que estão em exposição e a entrada dos clientes passou a estar limitada, no máximo, a duas/três pessoas.
Alexandra Bessa acredita que a situação pode piorar e obrigar ao encerramento de mais atividades, com graves prejuízos para a economia. “Tenho a loja aberta por causa dos meus clientes, mas acredito que muita gente que fechou já não vai conseguir abrir. As empresas já estão a sentir o impacto, mas a tendência é piorar com o prolongamento das medidas”.
O Governo deve, por isso, agir de forma rápida para evitar despedimentos, diz a empresária. “As pequenas empresas ainda podem tentar aguentar-se para não despedir, mas nas grandes empresas a realidade é outra”.
António Cunha também diz que a pandemia vai afetar gravemente as empresas. “Eu consegui assegurar o negócio e vou garantir o salário dos três funcionários, mas há empresas que ficaram sem fonte de rendimento para continuar ”
O proprietário do Talho Feira das Carnes, em Gandra, garante ter registado nos últimos dias teve uma quebra de 20% no negócio, face às primeiras semanas de março. “O impacto económico vai ser significativo porque esta situação vai prolongar-se por tempo indeterminado”, sublinha o empresário, sublinhando que os apoios devem chegar rapidamente às empresas para evitar danos maiores.
O talho em Gandra tem estado a funcionar em horário reduzido, cumprindo regras mais apertadas de higiene. Os clientes são obrigados a desinfetar as mãos antes de entrar e só podem ser atendidos dois de cada vez.
A empresa passou também a fechar há segunda-feira para limpeza e desinfeção do espaço e reposição do stock.