• Junho 30, 2020

Comunidade cigana vai ser realojada, mas permanece no centro da cidade

Comunidade cigana vai ser realojada, mas permanece no centro da cidade

21 famílias da comunidade cigana vão ser realojadas em novas habitações sociais que serão construídas nos terrenos do lugar de Valbom onde, de resto, a comunidade se encontra instalada há 20 anos.

A câmara de Paredes já adquiriu os terrenos e vai apresentar uma candidatura a fundos comunitários, no âmbito do 1.º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação, que visa apoiar a promoção de soluções habitacionais para pessoas que vivam em condições habitacionais indignas e que não dispõem de capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada.

O projeto está integrado na Estratégia Local de Habitação Social do Concelho de Paredes aprovada na última sessão da assembleia municipal, com um voto contra do CDS e nove abstenções da bancada do PSD.

Numa primeira fase serão construídas 26 habitações sociais. O presidente da câmara, Alexandre Almeida, lembrou que “esta comunidade está enraizada na cidade de Paredes e, como tal, fazia sentido continuar onde está”.

A câmara de Paredes avançou com a compra dos terrenos no lugar de Valbom a mais de 20 proprietários, num investimento de 650 mil euros. Segundo o autarca, são 16 mil metros quadrados de terreno não só onde a comunidade está instalada, mas também a montante, de forma a começar a construção, realojando alguns ciganos e deitando algumas barracas abaixo.

O projeto terá duas fases. Na primeira, a autarquia vai estar “muito focada na resolução deste problema de falta de salubridade em que a comunidade vive”. Na segunda fase o projeto contempla a construção de mais habitação social para outras famílias com necessidades.

Ao todo serão realojadas 21 famílias em habitações de tipologia T2 e T3. Estão também a ser estudadas as melhores formas de construção para que sejam respeitadas as especificidades daquela população, assegurou o presidente da câmara.

Se este programa continuar em vigor, o executivo pretende ainda adquirir alguns prédios devolutos que estão espalhados pelo concelho e construir mais habitação social, com o apoio de fundos comunitários.

CDS vota contra e PSD soma nove abstenções

Apesar da explicação dada pelo chefe do executivo, o CDS afirmou ter sérias dúvidas em relação à solução encontrada para o problema da comunidade cigana.

“Ao contrário do que é publicitado, o PS não tem qualquer intenção de reintegrar a comunidade cigana instalada atrás da autarquia. O que o PS propõe, não só não resolve o problema dos moradores no acampamento no lugar de Valbom como promove uma situação dúbia onde não se vê quem possa beneficiar, mas se vislumbra quem sairá de novo, e como sempre, prejudicado: os cidadãos que vivem em condições degradantes no acampamento atrás do edifício da autarquia e as famílias em todo o concelho que também não têm habitações condignas e que, mais uma vez, não verão as suas condições de habitabilidade e de vida melhoradas”, frisou a deputada Ana Raquel Coelho, na justificação de voto do partido, acusando o executivo de “manobra eleitoralista” e de “adiar o problema para depois das eleições”.

A CDU defendeu que “o problema da comunidade cigana é um problema do concelho de Paredes e de todos os cidadãos” e que a solução encontrada pelo executivo é um passo positivo”. Não acredito que não se possa concretizar a médio e longo prazo”, atirou Cristiano Ribeiro.

Rui Silva, do PS, lembrou que o problema da comunidade cigana atravessou seis mandatos do PSD na câmara municipal e que a “medida mais emblemática feita por estes executivos foi tapar o acampamento com chapas na parte virada para a circular interna de Paredes para limitar a visão para o triste cenário que mais parece um condomínio fechado”.

 “Foi preciso o PS vencer as últimas autárquicas para que esta obra ganhasse força suficiente para se tornar uma prioridade”, rematou.