• Março 11, 2023

Carlos Ferreira, o mestre escultor

Carlos Ferreira, o mestre escultor

Peças de arte sacra são o principal pedido dos seus clientes.

Para o escultor Carlos Ferreira não há peças difíceis ou impossíveis de serem executadas, pois é mestre a transformar a madeira em arte. Fomos conhecer um pouco do seu trabalho e consequentemente a sua oficina, localizada no rés-do-chão da sua habitação. 

Rebordosense de gema, vive na cidade de Lordelo há cerca de 40 anos. Tem 57 anos de idade e há três décadas que se dedica à profissão. Bem, segundo o próprio, “arranja uma coisa que tu gostes de fazer e já não é trabalho.” E é assim, com paixão e entusiasmo, que o paredense nos falou daquilo com que ocupa a maioria do seu tempo. “Quando aqui estou, nem dou pelas horas a passar, gosto muito daquilo que faço. Aliás, isto até chega a ser também a minha forma de terapia, pois aproveito todas as horas ‘desocupadas’ que tenho para cá estar”, partilhou.

A cada pergunta era mais notório o ‘gozo’ de falar sobre o tema. “Se for para ajudar a divulgar a arte estarei sempre disponível”, sustentou, lamentando que não estejam a ser feitos esforços no sentido de formar futuros escultores, estando, por isso, a arte a caminhar para a sua extinção. “Penso que deveríamos tentar e até pensarmos na possibilidade de se criar um curso nesta vertente, junto dos mais jovens, enquanto ainda há quem consiga partilhar conhecimentos, pois já não somos muitos”, advogou.

Ainda assim, garantiu, “acredito que o dom já nasça com a pessoa.” Isto porque, mesmo que se ensine e se insista, este é daqueles casos em que se a pessoa não tiver vocação não passa de certo nível, sustentou.

Apresentando-se como um autodidata, recordou que começou a esculpir sozinho. Leu muito sobre o assunto, observou peças “bem feitas” e praticou a aprendizagem por tentativa e erro, até chegar ao nível pretendido. Pode-se dizer que sentiu um ‘chamamento’ e experimentou fazer uma peça sem qualquer expectativa. “Parece estranho, mas, na verdade, tudo isto começou com uma espécie de brincadeira. Eu trabalhava na talha e pensei: ‘Vou fazer uma escultura de uma N.ª Sra. de Fátima’. Foi a minha primeira peça e media 40 cm”, comentou, frisando que o resultado o deixou surpreso. “Fui ganhando gosto a cada dia que passava, até que, quando a terminei, pensei: ‘Ui, consegui fazer isto?’, lembrou, mostrando com orgulho muitas das suas peças.

A notícia completa na edição de 9 de março de 2023