- Outubro 9, 2025
Campanha Eleitoral vs Notícias Falsas
Política local reescreve factos para alimentar narrativas. A campanha eleitoral autárquica em Paredes está a ser marcada por contrainformação que, à boa maneira trumpista e bolsonarista, pretende influenciar o escrutínio (eleições) que ditará que vai governar a Câmara de Paredes nos próximos quatro anos.
Texto | António Orlando
A mais recente confusão tem que ver com a devolução do complexo desportivo das Laranjeiras à cidade sede do concelho.
O PSD diz foi o executivo de Celso Ferreira, o PS contrapõe diz que foi Alexandre Almeida quem teve de meter os pés ao caminho, caso contrário a Câmara perdia instalações e os 300 mil euros que sinalizavam a compra.
Mas afinal quem tem razão?
- Compra e Reaquisição (2008 → 2017)
– Em 2008, a Câmara de Paredes (liderada por Celso Ferreira, PSD) vendeu o Complexo das Laranjeiras à Guedol por 8,5 milhões de euros para a construção de um Shopping.
– A empresa faliu e, em janeiro de 2017, já no final do mandato de Celso Ferreira, a Câmara readquiriu o estádio e o pavilhão em hasta pública por 1,6 milhões de euros.
– Foi o PSD quem readquiriu formalmente o equipamento para o município, mas não o pagou.
- Impasse com o Tribunal de Contas (2018)
– O Tribunal de Contas chumbou a operação de recompra das Laranjeiras por falta de visto prévio e porque já havia sido dado um sinal de 300 mil euros, em violação da Lei dos Compromissos a que a câmara estava obrigada a cumprir (regra que implica responsabilidade civil, criminal, disciplinar e financeira dos titulares de cargos políticos).
– Quando Alexandre Almeida (PS) assumiu a presidência no final de 2017, herdou este processo e teve de resolver juridicamente a situação para que o município não perdesse o sinal e assegurasse a posse efetiva do complexo.

- Estratégias Diferentes
PSD (Celso Ferreira):
– Não planeava recuperar o estádio para uso municipal.
– Pretendia alienar parte dos terrenos para fins comerciais e reabilitar apenas o pavilhão para “alta competição”.
-Defendia que o União de Paredes permanecesse na chamada Cidade Desportiva de Mouriz, um espaço inacabado e distante do centro.
– O regresso do clube ao coração da cidade não fazia parte do plano do PSD.
PS (Alexandre Almeida):
– Assumiu como prioridade garantir a posse efetiva do complexo.
– Defendeu desde início que o estádio deveria ser devolvido ao União de Paredes.
– Cumpriu esse compromisso: o clube voltou a jogar nas Laranjeiras e existe hoje um projeto de médio prazo para levar o União à 1.ª Liga, reforçando o seu papel como símbolo do concelho.
- Diferença de Visão
-PSD: Recuperou os terrenos, mas via o estádio como ativo patrimonial/financeiro, sem ligação ao futuro desportivo do União de Paredes.
– PS: Resolveu o impasse legal e devolveu o estádio ao clube e à comunidade, associando-o a um projeto desportivo ambicioso.