António’s, os cantoneiros de serviço

Pai e filho trabalham como motoristas da recolha de resíduos urbanos.

Há sempre aquelas profissões “mais chatas”, ou, se preferir, menos atrativas, em que não nos imaginamos a trabalhar. Se lhe perguntasse se em pequeno tinha o sonho de ser cantoneiro, penso que não haverá quem dê uma resposta afirmativa. Mas, então, e motorista do camião do lixo? Melhorou? Talvez, sim. Afinal, conduzir um veículo do género não é para qualquer um, devido às exigências da carta de condução em causa e às dimensões da viatura, sem esquecer que a pessoa não estaria em contacto direto com a recolha dos resíduos urbanos.

Pai e filho, dois António’s Ribeiro, vivem na localidade da Madalena e têm a mesma profissão, são motoristas da recolha de resíduos em Paredes. Um tem 62 anos e é conhecido por sr. Ribeiro, já o outro, de 34 anos, por Luciano, para que não haja confusão com o António em causa. Refira-se que o serviço no concelho conta com cerca de 25 motoristas e mais de 10 viaturas especializadas.

“Entrei para a Câmara, em 1980, vai fazer 43 anos, no dia 2 de dezembro. Na altura, concorri, porque era o que gostava. Vá, ainda gosto… Aliás, orgulho-me de nunca ter faltado ao trabalho, só estive de baixa uma ou duas vezes porque fui mesmo obrigado a parar, devido a operações”, começou por partilhar o sr. Ribeiro.

Eis que o filho intervém e disse, com orgulho: “Trabalhou sempre e é pontual”. Depois, detalhou os horários dos turnos em que fazem o serviço. “Das 06h00 ao meio-dia, das 13h00 às 19h00 e das 20h00 às 02h00. Já aos sábados, das 13h30 às 19h30 e das 20h00 às 02h00”. “Agora, porque antigamente já cheguei a pegar ao serviço das 11 da noite às 6 da manhã”, interveio o pai.

Sente orgulho em afirmar-se como motorista? “Não tenho desprezo algum”, disse o pai Ribeiro. “Ele adora o que faz, por isso é que também me influenciou a seguir a mesma profissão”, afirmou o Luciano. “Há dois anos, abriu um concurso e eu não quis tentar, mas no ano passado inscrevi-me e fui selecionado”, acrescentou, dizendo que gosta mais de conduzir o camião de resíduos urbanos.

Contudo, há ainda as carrinhas do papelão, os polivans, que vão ao aterro e fazem a recolha dos Moloks, que são os serviços subterrâneos, informou, dizendo que no Ecocentro de Cristelo é onde está “tudo”. Ou seja, “os camiões, sendo ainda o local onde chegamos e descarregamos o lixo, que depois sai de lá e é levado para o aterro. Temos também a recolha de papelão que é fardado e vai para o sítio adequado”, sustentou, dizendo que é dada formação aos trabalhadores.

Qual é a quantidade de resíduos que um camião consegue transportar? “Cerca de 10 toneladas”, revelou o sr. Ribeiro, dizendo que é mais complicado conduzir quando está mais carregado.

“As pessoas não fazem ideia, mas há certos sítios, nas estradas mais apertadas, de noite principalmente, onde conduzimos e o camião tomba”, disse o filho. Quanto a apanhar sustos, “já apanhou alguns, ou porque arrebentou um pneumático ou o carro quase que vira”, lembrou o sr. Ribeiro, dizendo que os colegas que são transportados na parte detrás do camião carregam num botão que só funciona se o motorista tiver ligado a “tomada de força para ativar o sistema hidráulico”. Eles depois “têm os botões que compõem o resto do circuito de recolha”.