- Junho 2, 2023
A vida de um coveiro, que não o é a tempo inteiro
Os irmãos Sousa assumiram a função na vila de Sobrosa.
Caro leitor, o assunto que vamos abordar até pode não lhe agradar, mas é daquelas “coisas” (como tudo) que tem de haver quem as faça. As chamadas vicissitudes desta vida.
Enterrar pessoas não é, com certeza, para muitos, uma tarefa fácil. Ser coveiro e praticar todas as funções que lhe são inerentes requer uma certa capacidade emocional que não está ao alcance de qualquer um, mesmo não sendo preciso tirar qualquer tipo de curso. Sem esquecer que é necessária competência para garantir que as pessoas tenham enterros devidamente realizados e em cumprimento das normas.
Com certeza que, em pequenos, quando nos perguntavam o que queríamos ser quando fôssemos grandes, a profissão de coveiro não estaria nos objetivos de muitos, e até dos pais que não ambicionavam que os filhos enveredassem por esse caminho.
Na vila de Sobrosa, José Manuel Sousa, de 59 anos de idade, acabou por seguir, já na fase adulta, as pisadas do pai, que, durante uns quarenta anos, foi o coveiro ‘lá da terra’.
“Ele era o coveiro da freguesia e eu de vez em quando botava-lhe a mão, mas ele não queria que eu lá estivesse por altura do funeral, por isso fazia-lhe a vontade. Ou seja, ajudava-o a abrir o buraco e vinha-me embora”, revelou José Sousa, lembrando que, nessa altura, teria cerca de 20 anos de idade.
Muito resumidamente, foi o sogro quem substituiu o seu pai, juntamente com um cunhado. Quando este último saiu, o sogro pediu-lhe auxílio. José Sousa, que é encarregado de uma fábrica, aceitou, com a condição de que teria de haver um diálogo com as suas chefias, pois não queria prejudicar a sua principal fonte de rendimento. E assim foi, José Sousa ajudou o sogro no cemitério paroquial de Sobrosa, durante um tempo, tendo depois ambos saído.
Após toda esta situação, chegou-se a um impasse: quem seria o coveiro da vila? Nesse sentido, o executivo da junta de freguesia da altura abordou o sobrosense, José Sousa, para realizar a prestação deste serviço. “Falei com o meu irmão [António Augusto Sousa] que concordou em me ajudar, sendo que ele nunca tinha lá ido, ao contrário de mim, que ainda acompanhei o nosso pai e o meu sogro”, explicou, frisando que nos primeiros tempos o irmão “ficava um bocadinho impressionado, até nem conseguia comer”.
A reportagem completa na edição de 1 de junho de 2023