• Outubro 6, 2020

5 de outubro assinalado em Paredes com apresentação de livro sobre Primeira República

5 de outubro assinalado em Paredes com apresentação de livro sobre Primeira República

Paredes assinalou esta segunda-feira, 5 de outubro, o 110.º aniversário da Implantação da República, numa cerimónia realizada no salão nobre dos Paços do Concelho onde foi apresentado o livro “Paredes e a Primeira República”, da autoria do paredense Ivo Rafael Silva.

Na sua intervenção, o investigador do Centro de Estudos Interculturais do ISCAP reforçou que para compreender o período da Primeira República é necessário penetrar na problemática regional e local, observando a vida dos concelhos, das freguesias e das grandes regiões.

“Hoje podemos afirmar com propriedade que o concelho de Paredes acaba de fazer a sua parte”, frisou o autor, sublinhando que havia Paredes e paredenses quando caiu o velho regime monárquico de quase oito séculos.

“A Primeira República foi o soco no estômago do conservadorismo paredense. Soco esse desferido com tamanha força e que provocou tamanho incómodo que durante mais de um século ninguém ousou falar dele. Foi como se 16 anos da nossa história contemporânea nunca tivessem existido. E tal não aconteceu por acaso”, defendeu o investigador, lembrando vários episódios que ocorreram no concelho contra a republicanização em curso.

“Não foi por acaso que o Senador António de Carvalho se referiu a Paredes como o baluarte inexpugnável da monarquia. Não foi por acaso que este concelho se sentiu confortável com o conservadorismo da ditadura. Não foi por acaso que nas primeiras eleições locais da democracia Paredes votou massivamente num dos principais partidos conservadores nacionais. Não é o acaso que junta centenas e milhares de pessoas em eventos religiosos ainda que hoje com menor expressão que noutros tempos”.

Ivo Rafael Silva, investigador e autor do livro “Paredes e Primeira República”

O livro com 423 páginas, agrupadas em 61 artigos, da autoria do investigador é preenchido pelos factos, as figuras, os políticas, os republicanos, monárquicos, padres, bispos, chefes, maçons, carbonários, caciques, militares, heróis, traidores, as instituições, a cultura, o desporto, as vidas e as mortes que marcaram este período da história.

A vereadora da cultura, Beatriz Meireles, sublinhou que tem sido um desígnio do município de Paredes a valorização do seu património cultural e investigação histórica. “Livros como este são obras, como são pontes e casas”, frisou a autarca, agradecendo “a todos os investigadores e amigos da cultura de Paredes por mostrarem que depois do pão tão bem saberem que depois do pão a cultura é, enquanto educação não formal, a primeira necessidade do povo”.

Já o presidente da câmara de Paredes, Alexandre Almeida, referiu que a história dos povos se faz por ciclos positivos de desenvolvimento e avanço e ciclos negativos de retrocesso e que nos avanços e recuos da humanidade esteve sempre presente o sonho, o pensamento e o trabalho de homens concretos que foram capazes de fazerem com que as coisas acontecessem.

“Os tempos do liberalismo abriram um ciclo de progresso e desenvolvimento do país”, frisou o autarca, lembrando em particular a figura de “José Guilherme que, enquanto presidente de câmara, fez história pela nossa terra, com a criação da comarca de Paredes, a chegada do telégrafo e do comboio a Paredes, a construção de escolas e estradas um pouco por todo o concelho”.

Presidente da câmara de Paredes, Alexandre Almeida.

O autarca defendeu que “a Primeira República foi um período de transformação social e de grande avanço social, económico e político”, a que se deve a separação entre a Igreja e o Estado, a igualdade de género, a liberdade de ensino, a criação do ensino profissional e de inúmeras instituições culturais.

“O 25 de abril de 1974 herdou o que de melhor teve o regime republicano de 1910. A liberdade para todos, a liberdade de expressão, de reunião e de imprensa, a liberdade religiosa e de ensino, a liberdade sindical, a liberdade de circulação, importação e exportação” frisou.

Apesar das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19, Alexandre Almeida defendeu que o concelho vive atualmente um período positivo de desenvolvimento, com um conjunto de projetos e obras em curso e uma câmara com contas controladas como já não acontecia há muitos anos.

As nossas instituições desdobram-se em iniciativas e ações de grande relevo. As escolas têm tido um trabalho notável e contamos com professores e auxiliares de assinalável qualidade e dedicação. Os nossos empresários fazem tudo para vencer esta crise que começou por ser de saúde, mas que atinge gravemente a economia”, sublinhou o autarca, defendendo que o concelho está no bom caminho e a melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas.